Cresci em uma comunidade machista, onde mulheres raramente tinham sua voz ouvida, onde as meninas eram incentivadas a serem boas esposas e as que não seguiam esse padrão eram duramente julgadas pelas suas escolhas. Apesar disso, tive como exemplo duas mulheres que me inspiraram a ser quem eu quisesse, embora minha mente estivesse condicionada a seguir o padrão que depositavam sobre mim.

A primeira dessas mulheres, é a minha maior inspiração para ser quem me tornei e foi com ela que aprendi pequenas lições sobre ajudar o próximo sem esperar nada em troca, ser independente e não me importar com a opinião alheia sobre mim. Uma pessoa incrível que lutou contra todas as perspectivas que lhe diziam para ficar em casa cuidando dos filhos e esperar que o marido fosse o provedor da casa, mas ela sabia que era muito mais que uma dona de casa, havia nela uma vontade latente de inspirar outras mulheres a lutarem pelo que acreditavam.

A segunda delas mostrou-me – no auge dos meus oito anos – em um ato considerado como uma insanidade pelos machistas de plantão, que uma mulher livre pode fazer o que ela quiser, mesmo que suas aspirações para a vida soassem como loucura para alguns. Mais de vinte anos se passaram e continuo tendo muito orgulho de ter essas duas mulheres como principal inspiração.

Casei-me aos dezoito anos e sentia que para mim havia uma missão maior, no entanto, passei os primeiros três anos me adaptando à nova vida, deixando de lado aqueles pensamentos inquietantes, mas mergulhada em uma infinidade de livros – porque eles nunca ficaram longe por tempo demais. Foi então que, a inquietação retornou e comecei a trabalhar fora novamente, mas apesar de me sentir feliz, ainda estava incompleta.

Veio a minha primeira filha e com ela o fim de um ciclo, voltei a ficar em casa – sendo uma dona de casa terrível, meu marido que o diga hahahaha – e nessa fase acabei descobrindo uma nova vocação através de uma terceira mulher que, sempre me inspira com sua garra e determinação.

Aprendi a fazer crochê e, outra vez, eu não queria que aquilo fosse algo só meu. Com o apoio do meu marido abri o próprio negócio, um armarinho onde minha sogra e eu ensinávamos mulheres – de forma gratuita – uma nova atividade, seja para embelezar suas casas, para gerar uma nova renda ou distrair a mente. O fato é que com o meu discurso de “você pode ser mais do que imagina”, muitas dessas pessoas foram inspiradas e até mesmo curadas da depressão pelo simples ato de tecer flores, tapetes entre outros. É um período da minha vida, do qual tenho muito orgulho!

“Se a vida não ficar mais fácil, trate de ficar mais forte.” (Autor desconhecido)

Então veio o segundo filho e, apesar de amar a arte de fazer crochê e ensinar, ainda não sentia que era isso que eu queria de verdade. Foi aí que, despretensiosamente comecei a escrever, as pessoas começaram a ler e aos poucos comecei a sentir que finalmente havia encontrado uma vocação definitiva.

Quando me assumi como escritora, há dois anos, foi como se um peso enorme tivesse saído das costas e finalmente pudesse ser quem estava destinada. Escrever faz com que minha mente vague por mundos e universos incríveis, através das palavras consigo mostrar as leitoras que elas podem ser o que quiserem, que são perfeitamente capazes de despertar a mulher incrível que mora dentro dela.

“A vida sempre nos reserva belas surpresas durante as metamorfoses pelas quais passamos.” (Crys Carvalho)

Por meio das histórias posso disseminar essa mensagem, fazer com que notem que seus defeitos, medos ou vulnerabilidade não podem ser maiores que suas aspirações e que, antes de qualquer coisa, é preciso valorizar aquilo que tem de melhor dentro de si.

Através dos meus textos, centenas de mulheres foram inspiradas a ver a vida de modo diferente, a olhar para si mesma e dizer: “eu sou capaz” e essa é a minha missão, apesar de toda a hesitação, eu finalmente aceitei e deixei florescer a mulher incrível que vive aqui dentro.

Até o próximo post!

PS: Vou deixar algumas fotos para relembrar as mudanças que sofri dos últimos anos.